quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Liberdade , Patrulhamento Ideológico e Hipocrisia

Senhores(as),

Hoje publiquei na intranet da instituição de ensino publico federal que trabalho com professor uma notícia requentada que saiu na revista Veja da semana passada com o título de “O combate secreto de Chávez contra o câncer”. Foi a matéria completa que começa “O presidente venezuelano declarou estar curado do câncer, mas fontes em seu país afirmam que ele pode não sobreviver até as eleições de 2012” e por aí vai (veja matéria completa).

Imediatamente recebi como resposta de um colega mestre quase doutor em área tecnológica o seguinte comentário, divulgado também para todos da mesma intranet:

“Só posso lamentar. É o típico jornalismo de esgoto da (Não) Veja.
Pouco importa se Chavez é isso ou aquilo, se ele está omitindo ou não informações sobre sua saúde. Este detrito não tem o mínimo de respeito com o sofrimento alheio.
‘Quem gosta de moleza, bota a boca no esgoto’. Pode ser modificada a segunda parte para "... lê Veja".
A piada macabra fica mesmo por conta da epígrafe final. Maravilhosa!
Tanto cá no pântano como lá no esgoto!
Sds. JM”

Como se não bastasse outro colega de trabalho parece que também tomou as dores de Chaves pelos escrito da revista Veja, que não tenho qualquer ligação a não ser de assinante voluntário, escrevendo no mesmo veículo de comunicação institucional.

“Prezado JM, Concordo plenamente contigo, e o pior é que além de tratar de forma jocosa a doênça a qual sofre o Chavez, a reportagem ainda aproveita para criticar o sistema hospitalar cubano, o qual sabidamente tem dado um exemplo de como tratar a população sem distinção de classe social e "status" economico, vide o modelo amplamente exportado para o mundo "medico da familia".
É uma pena que em função do radicalismo de posicionamento político, alguns extremistas da direita, não enxerguem isto.
JC"


Não resisti a necessidade de formular uma “pequena” resposta. Eis que assim o fiz, a seguir.

Três conceitos escrupulosamente esquecidos pelos que se dizem defensores de liberdades democráticas: Liberdade, Patrulhamento Ideológico e Hipocrisia. Vamos a cada um deles extraídos sem muito esforço da internet, mas ilustrativo.

LIBERDADE
s. f. - Faculdade de fazer ou de não fazer qualquer coisa, de escolher.
Independência.
Estado oposto ao do cativeiro ou prisão.
Liberdade de consciência, direito de ter ou não uma crença religiosa ou filosófica.
Liberdade individual, direito que tem cada cidadão de ir e vir sem restrição.
Liberdade natural, direito que o homem tem por natureza de agir sem qualquer constrangimento externo.
Liberdade de opinião, de pensar, direito de exprimir cada um seus pensamentos, suas convicções.

PATRULHA IDEOLÓGICA OU PATRULHAMENTO IDEOLÓGICO
é uma organização informal de pessoas unidas por laços ideológicos ou religiosos que tem por objetivo de impor seus ideais a outro grupo de pessoas, munindo-se de discursos, protestos e reivindicações. Essa atividade se caracteriza por uma vigília constante do espaço e público alvo.

O patrulhamento pode se aproveitar de relações de autoridade para ser feito, como numa sala de aula na relação professor-aluno ou de abuso de espaço público onde transitam grande número de pessoas diariamente. O objetivo do patrulhamento ideológico é sobretudo subverter o público para que este acredite, se convença e siga as normas e critérios dos patrulhadores.
É por vezes criticado quando seu uso se dá em meio educacional, em centros universitários, e demais locais onde é consolidada formação intelectual depessoas. É tolerado com certa parcimônia, respeitando-se as leis vigentes locais mas considerado eticamente falho quando feito sob certas circunstâncias (...) dependendo de sua base política e ideológica.

HIPOCRISIA
s.f. Vício que consiste em aparentar uma virtude, um sentimento que não se tem. Ato de fingir ter crenças, virtudes, idéias e sentimentos que a pessoa na verdade não possui. Falsidade.

Segundo Alexis de Tocqueville, a liberdade não pode se fundamentar na desigualdade; deve assentar-se sobre a realidade democrática da igualdade de condições. O termo que constitui a noção de liberdade é a ausência de arbitrariedade.

Senhores Patrulhadores ideológicos, acho-os hipócritas, arbitrários. Estão cada vez mais íntimos da técnica da mentira apregoada por um de seus maiores expoentes, Lenin: "Acuse os adversários do que você faz, chame-os do que você é!"

Os hipócritas naturalmente, como técnica de patrulha, ou tentam esmagar a fonte (como sempre, sem discutir as idéias – acredito que por absoluta incompetência tal o descontrole emocional que incapacita qualquer resposta racional e coerente, mesmo naqueles de alta formação acadêmica, o que neste caso não quer dizer nada), ou o isolamento, como se o oponente ideológico estivesse possuído por alguma moléstia, ou o enquadramento classificatório em tons de acusação (sem provas é claro), tentativa desesperada de entender o que não consegue por isso mesmo precisa expressar através de algo que lhe seja próximo, e que seja pejorativo - claro, se não, não tem graça.

Já pensei do jeito que eles pensam, e como fui tolo. Mais hoje, como diz um trecho de Cântico Negro do poeta José Régio

“(...) Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!”


Enquanto isso na UNB (sobre reportagem da Veja - ah! a Veja)


"O propósito da universidade deveria ser a excelência. Na UnB, isso foi substituído pela partidarização do ensino." Frederico Flósculo, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo

"A UnB se tornou palco das piores cenas de intolerância. Não há espaço para diálogo. Ou você partilha do pensamento dominante ou será perseguido."
Roberta Kaufmann, procuradora, mestra em direito pela UnB

"A universidade foi tomada por um patrulhamento ideológico tácito, orquestrado para funcionar sem ser notado. Quem pensa diferente é relegado ao limbo."
Ronaldo Poletti, professor de direito da UNB

"A UnB deixou de ser uma instituição acadêmica para se tornar um instrumento de domínio ideológico."
Ibsen Noronha, ex-professor voluntário da Faculdade de Direito

"A UnB vive um processo típico de uma instituição que se tornou um aparelho em prol de uma causa."
Demétrio Magnoli, sociólogo

Vejam, opa, examinem a reportagem do site abaixo. É ilustrativo para todos.


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José Lamartine Neto

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Maquiavel ou a Confusão Demoníaca de Olavo de Carvalho



Lançamento do livro "Maquiavel ou a Confusão Demoníaca"

Autor: Olavo de Carvalho

Descrição:

“Dos pensadores modernos mais célebres, Nicolau Maquiavel é talvez o primeiro a entregar ao público uma doutrina tão desencontrada e confusa. Tão desencontrada e tão confusa que um de seus melhores intérpretes, Benedetto Croce, resumiu quatro séculos de investigações com a conclusão desencantada de que o pensador florentino é ‘um enigma que jamais será resolvido’. Depois de Croce, outros estudiosos de primeira ordem, como Leo Strauss, Quentin Skinner, Hans Baron e Maurizio Viroli acreditaram poder resolver o enigma; porém as soluções que lhe ofereceram divergiam tanto umas das outras que só conseguiram multiplicá-lo.

Evidentemente não espero, aqui, ter mais sorte do que esses meus ilustres antecessores. Confesso, desde logo, que não compreendo Maquiavel melhor do que eles; talvez o compreenda menos. Mas meu objetivo aqui não é compreendê-lo, torná-lo mais inteligível. É traçar da maneira mais precisa possível o perfil da sua ininteligibilidade, porque esta se incorporou de tal modo a cinco séculos de discussão filosófica e política no Ocidente, que não há exagero em considerá-la uma das constantes da modernidade.”

Ficha Técnica:

Número de Páginas: 96
Editora: VIDE Editorial
Idioma: Português
ISBN: 978-85-62910-03-6
Dimensões do Livro: 12,5 x 19,2 cm

Para comprar clique aqui

Vídeo de lançamento do livro


domingo, 27 de novembro de 2011

O discurso comunista mudou



Trecho lido do artigo "O Poder da Loucura" de Olavo de Carvalho




A prova de sociologia

Depois que um aluno fez a postagem da prova de sociologia um colega no facebook e da série de manifestações, vi finalmente a bendita prova (abaixo)


Fiz este comentário logo de imediato... Esta escola já foi motivo de orgulho. Hoje é isso... pena!!!
 Pensei mais um pouco e acrescentei...

Por outro lado isso pode ser o reflexo da imposição de disciplinas de cunho ideologizante de forma obrigatória e a resposta do aluno pode refletir o grau de respeito que ele tem. Acredito que ele não está sozinho e até agora (10h20 de 26.11.2011) somam 265 comentários, 67 compartilhamentos e 38 curtidas, pessoas que podem não ter agido como o aluno da prova, mas sentem o aparente desprezo que ele sentiu.

Eis que um colega que está em outro Estado estudando escreve:

José Lamartine, sou doutorando em Sociologia e gostaria de saber, com o seu capital intelectual, qual o conteúdo ideológico dessa prova? Você conhece esse conteúdo? Agora te pergunto, ficar ensinado aos alunos como ser um bom profissional, como apertar uma válvula, tudo isso é neutro? Você não sabe nada de Sociologia, portanto, fale do que você estudou, de sociologia deixa para mim que sou doutorando.
Ah, só para lembrar, pela UFRJ.
Sabe qual é o meu sonho: que ele fosse meu aluno.
Acho que ela vai ser meu aluno pois volto em março de 2013. Será um prazer!
Gostaria de responder-lhe mais detalhadamente mas acabei enviando isso daqui

Professor, o senhor percebeu que não entrei no mérito da prova e sim me referi a “disciplinas de cunho ideologizante de forma obrigatória” tal o contexto de imposição dos PCN e seu conteúdo? Quem sabe a resposta não esta no processo histórico de formação dos próprios professores?
Como ex-aluno e professor desta Instituição (antes mesmo da existência da sociologia como disciplina obrigatória) sempre trabalhei buscando entender a realidade que nos cerca e parece que não foi tão ruim, basta ver o resultado por nossos ex-alunos. Portanto sempre me interessei pelas causas sociais, buscando entender como se dá a interação entre os indivíduos e como se organizam.
Como psicólogo me interesso também pelas motivações individuais e grupais. Porque as pessoas e as massas sociais fazem o que fazem. Que razões elas tem, conscientes ou inconscientes para agirem assim. Isso é também meu objeto de estudo e trabalho.
Caso não tenha percebido ainda, as fronteiras de nossas atividades não são rígidas como o senhor gostaria que fosse ao declarar “... de sociologia deixa para mim que sou doutorando”. Mas do que nunca nosso mundo precisa de flexibilidade.
Esta é a resposta preparada do que penso do trabalho que a maior parte dos professores de sociologia fazem. É bom que se diga que existem honrosas exceções. 


Professor, o processo de ideologização é a base da formação acadêmica brasileira nos últimos 40 anos, principalmente porque aqueles que eram ou se tornaram professores, agentes do movimento da esquerda internacional, que não foram exilados (ou se auto-exilaram fora do país como a maioria), ficaram por aqui dentro dos seus refúgios nas universidades públicas (principalmente), nas quais passaram fazer “a cabeça” de seus universitários com mais intensidade. Estes se formaram e ajudaram a formar outros, e outros, e outros e, conforme a tese de ocupação dos espaços de Antonio Gramsci, ao qual estão sendo fiéis, não mais promovem a revolução armada, mas sim uma "revolução cultural" lenta e gradual, como a velha receita para se "cozinhar um sapo" que todos conhecem.
Antes da sociologia ser uma disciplina obrigatória, na época da existência de OSPB e ON, nós, professores de áreas técnicas influenciamos muitos alunos na militância, e que voce hoje conhece como Alice Portugal, Nelson Pelegrino, Daniel Almeida etc., e vejam o estrago ideológicos que estes e tantos outros fizeram com nosso querido Brasil ao acabar com a democracia. Acabou mesmo, o que temos é uma disputa descarada por cargos burocráticos (leia de vez em quando a revista Veja) mas não uma oposição de ideologias, base do princípio democrático. Por esta lei da ideologia única se alguém se opuser é sinal de que será massacrado pelos cães de guarda (bastar ver o coitado do Cabo Anselmo no programa Roda viva) em um processo de patrulhamento ideológico massacrante.
Hoje temos alinhados "partidos socialistas revolucionários, o PT e o PV, movimentos revolucionários como o MST, e o MR8 (que muitos julgam extinto) e outros, incluindo aí a igreja progressista, da teologia da libertação. Partidos comunistas marxistas-leninistas o PC do B e o PCB (dito “pcbinho”). Marxistas-trotskistas o PSOL, o PSTU e PCO. Marxistas-gramscistas o PPS e o PSB. Temos ainda os movimentos comunistas anarquistas, que podem ser ou revolucionários ou pacifistas, orientados pelo Fórum Social Mundial, compostos por ONGs e OGPs, extremamente ativas na desconstrução da sociedade tradicional. Finalmente, apresentando-se como a panacéia dos sofrimentos desta mesma sociedade, os dois partidos sociais-democratas, o PSDB, do socialismo fabiano, e o PDT, da Internacional Socialista, ambos reformistas." (fonte http://joselamartine.blogspot.com.br/2010/06/quadro-politico.html)
Nas palavras de Gramsci: "O moderno Príncipe, desenvolvendo-se, subverte todo o sistema de relações intelectuais e morais, uma vez que seu desenvolvimento significa... que todo ato é concebido como útil ou prejudicial, como virtuoso ou criminoso, somente na medida em que tem como ponto de referência o próprio moderno Príncipe... O Príncipe toma o lugar nas consciências, da divindade ou do imperativo categórico, torna-se a base de um laicismo moderno e de uma completa laicização de toda a vida e de todas as relações de costume".
Ou seja, este moderno Príncipe é esta ideologia que entra nas mentes e consciências tenras de forma inquestionável e imperceptível. É claro que se os agentes deste processo de manipulação tomarem consciência disso decerto se revoltariam e fariam um movimento contrário.
Logo, me perguntar qual o conteúdo ideológico da prova é querer me intimidar, já que meu comentário foi geral. Sua visão de que nosso trabalho é “apertar uma válvula” não implica que não saibamos o ocorre com nossos alunos nas várias disciplinas que estudam.
Como psicólogo me interesso também pelas motivações individuais e grupais. Porque as pessoas e as massas sociais fazem o que fazem. Que razões elas tem, conscientes ou inconscientes para agirem assim. Isso é também meu objeto de estudo e trabalho.
Por fim sei que voce é doutorando em sociologia, na verdade todos já sabem, mas foi bom querer marcar território inclusive dizendo que não sei nada de sociologia, dessa sociologia.
Muito me admira que do alto de sua potencia acadêmica voce tente se apropriar com exclusividade de um conhecimento que está aí a quem quer que esteja disposto e minimamente motivado a aprender, não apenas como atributo exclusivo dos “iluminados”, mas aqui, caso não tenha percebido ainda, as fronteiras de nossas atividades se entrelaçam, não são rígidas como o senhor gostaria que fosse ao declarar “... de sociologia deixa para mim que sou doutorando”. É ser muito prepotente, mas não estranho.

SOCIOLOGIA NO ENSINO MÉDIO: Entrevistas com Márcio da Costa e Santo Conterato (Junho de 2009) 
http://www.habitus.ifcs.ufrj.br/pdf/7entrevistas.pdf
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