terça-feira, 15 de junho de 2010

Diplomacia de sonâmbulos

Olavo de Carvalho
Diário do Comércio, 31 de maio de 2010

Pergunto-me se alguém, no nosso governo, tem alguma compreensão do pano-de-fundo religioso, místico e esotérico das manobras do presidente iraniano Mahmud Ahmadinejad. A resposta é evidentemente “Não”. A simples idéia de que em política a religião possa ser algo mais que um adorno – ou disfarce – publicitário é absolutamente inalcançável para os brucutus do Palácio do Planalto e para os galináceos engomados do Itamaraty. Toda vez que essa gente toma decisões em assuntos que pairam infinitamente acima de seus neurônios e arrastam o povo na direção de um destino que este compreende menos ainda, a liderança intelectual, política, empresarial e militar deste país deveria bater no peito e, genuflexa, recitar: Mea culpa, mea culpa, mea maxima culpa. O Brasil está se transformando no instrumento mais passivo, bocó e inconseqüente de políticas internacionais desastrosas que, nas presentes condições, não podem sequer ser objeto de um debate público sério por absoluta falta de debatedores informados.

A ideologia dominante no mundo moderno apregoa que a sociedade política é uma realidade auto-subsistente, dentro da qual, e como parte subordinada da qual, existe um fenômeno chamado “crenças”, cujo exercício o Estado, conforme lhe dê na telha, protege ou reprime.

Essa visão das coisas, hoje tida como dogma do senso comum, é diretamente contraditada pela realidade histórica. Não existe no universo um só Estado ou nação que não tenha surgido desde dentro das religiões, como capítulo fugaz da história dos seus antagonismos internos e externos. O elemento durável e decisivo na História são as religiões: o Estado, a nação e, no fim das contas, tudo o que hoje se denomina “política” são apenas a espuma na superfície de uma corrente que se constitui, em essência, da história das religiões, tomado o termo num sentido amplo que abrange os movimentos ocultistas e esotéricos, incluindo os que se travestem de materialistas e agnósticos (o marxismo é o exemplo mais nítido: leiam Marx and Satan, do pastor Richard Wurmbrand, e To Eliminate the Opiate, do rabino Marvin Antelman, e entenderão do que estou falando).

Obscurecido pela ilusão da “política”, o predomínio absoluto do fator religioso na História mostrou uma vez mais sua força no instante em que o projeto de governo global, muito antes de se traduzir em medidas políticas concretas, teve de se constituir, já desde os anos 50, numa engenhoca espiritual que acabaria por tomar o nome de United Religions Initiative (cito uma vez mais Lee Penn, False Dawn: The United Religions Initiative, Globalism and the Quest for a One-World Religion, leitura obrigatória para quem quer que deseje entender o mundo de hoje).

Mas, se as lideranças globalistas estão bem cientes desse fator, ele continua ignorado pela massa dos analistas políticos, comentaristas de mídia e “formadores de opinião” em geral, apegados, por força da sua formação universitária, ao mito do “Estado leigo”, como se a razão de ser deste último não fosse, precisamente, o advento final de algo como a United Religions Initiative.

O único lugar do planeta onde a consciência do poder da religião como força modeladora da História está viva não só entre os intelectuais como até entre a população em geral, é o Islam. Por isso é que milhões e milhões de muçulmanos têm um senso de participação consciente em planos estratégicos de longuíssima escala – em escala de séculos – para a instauração do império islâmico mundial. Esse senso, aliado à completa invisibilidade dessa escala no horizonte histórico estreito dos políticos ocidentais, basta para explicar que o Islam tenha hoje a maior militância organizada que já se viu no mundo – um poder avassalador a cuja marcha triunfante os países mais ricos e supostamente mais fortes não sabem nem podem oferecer senão uma resistência verbal perfeitamente inútil.

Habituados a raciocinar em termos de poderes estatais, militares, econômicos e burocráticos, os estrategistas do Ocidente perdem freqüentemente de vista a unidade profunda do projeto islâmico ao longo do tempo, nublada, a seus olhos, por divergências momentâneas de interesses nacionais que, para eles, constituem a única realidade efetiva. E nisso refiro-me aos estrategistas das grandes potências, não a seus macaqueadores de segunda mão que hoje constituem a “zé-lite” da diplomacia luliana. Estes não têm sequer a noção de que exista, para além dos lances do momento, um projeto islâmico de longo prazo, ao qual servem sem atinar com o sentido daquilo que fazem ou dizem. Movem-se na cena do mundo como sonâmbulos errando entre sombras, imitando o soneto célebre de Fernando Pessoa:

“Emissário de um rei desconhecido,

Eu cumpro informes instruções de além,

E as bruscas frases que aos meus lábios vêm

Soam-me a um outro e anômalo sentido.”


fonte - http://www.olavodecarvalho.org/semana/100531dc.html


QUADRO POLÍTICO

por Jorge Roberto Pereira - Presidente FDR*
em 15 de Junho de 2010
 
O cidadão brasileiro, já há tempos, está reduzido a ter que escolher entre partidos socialistas ou comunistas, revolucionários ou reformistas. Devemos sim, a estes senhores, todo o mal generalizado que enfrentamos, e a nenhum outro regime de governo além deste que começou a se implantar no país desde a anistia, de 28 de agosto de 1979 e a governar desde o fim do ciclo militar. Sem mencionar as décadas anteriores, quando a “intelligentsia” esquerdista já fazia a cabeça dos universitários, dos meios acadêmicos e da mídia.
 
Precisamos analisar a situação política não sob a ótica da normalidade democrática, mas sob a lógica revolucionária, pois é exatamente o que está em curso no país. A democracia verga sob o fogo de uma revolução silenciosa, empreendida de forma a não levantar suspeitas das liberdades que nos estão sendo subtraídas. Façamos uma breve análise do processo político revolucionário, pois não surpreende a dificuldade da sociedade de entendê-lo.
 
 
Na disputa eleitoral, alinham-se como partidos socialistas revolucionários, o PT e o PV. Como movimentos revolucionários o MST, o MR8 (que muitos julgam extinto) e outros, incluindo aí a igreja progressista, da teologia da libertação. Como partidos comunistas marxistas-leninistas o PC do B e o PCB (dito “pcbinho”). Marxistas-trotskistas o PSOL, o PSTU e PCO. Marxistas-gramscistas o PPS e o PSB. Temos ainda os movimentos comunistas anarquistas, que podem ser ou revolucionários ou pacifistas, orientados pelo Fórum Social Mundial, compostos por ONGs e OGPs, extremamente ativas na desconstrução da sociedade tradicional. Finalmente, apresentando-se como a panacéia dos sofrimentos desta mesma sociedade, os dois partidos sociais-democratas, o PSDB, do socialismo fabiano, e o PDT, da Internacional Socialista, ambos reformistas. Ou seja, o cardápio completo do esquerdismo.

Essa confusão deliberada respeita o conselho do diabo velho ao diabo novo, quando o enviou para a Terra: “não se preocupe em esclarecer as coisas, pois o caos favorece o inferno”.
 
O trabalho em rede de todas as tendências de esquerda, num vetor somatório único, estabelece condições que passam à sociedade a impressão enganadora de estar vivendo uma democracia, pois lhe parece que a disputa eleitoral permite todos participarem democraticamente com suas idéias – todas rigorosamente antidemocráticas.
 
Defendendo teses ontem repudiadas, hoje instrumentais aos seus interesses, o “neo-marxismo” segue as “tarefas” recomendadas por Gramsci, de reformismo revolucionário, aparelhamento do estado e continuísmo no poder e adotou as seguintes “categorias”:
1. a democracia como instrumento de tomada do poder;
2. o pluralismo das esquerdas;
3. o capitalismo como instrumento de formação de prosperidade (e controlado pelos meios do “socialismo de mercado”); e
4. a revolução cultural como forma de luta de classes.
 
Por justiça, devemos todos assumir a responsabilidade de não termos conseguido, no Brasil, formar uma elite pensante a tempo e capaz de enfrentar este lado doente da condição humana, que é o pensamento esquerdista.
 




* FDR - Farol da Democracia Representativa http://www.faroldademocracia.org/index.asp
 

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