sábado, 25 de outubro de 2008

O arco e o cesto

O arco e o cesto em "A Sociedade contra o Estado"


Uma comunidade é, antes de tudo um espaço de trocas que vai de mercadorias, informações, favores, até a troca de mulheres (casamentos), etc.

O livro “A Sociedade contra o Estado” do antropólogo francês Pierre Clastres, tem um capítulo dedicado ao estudo dos integrantes de uma comunidade indígena nômade chamado Guaiaki que vivem na fronteira noroeste do Brasil. Começou descrevendo seus objetos, seus usos e costumes e lá pelas tantas este antropólogo começa a interpretar as funções destes objetos, os contextos e seus significados. Naquela sociedade, a sobrevivência de um membro estará comprometida se abater-lhe a “Pané”, espécie de maldição.

O capítulo “O arco e o cesto” desse livro tem o nome dos mais importantes objetos ou símbolos da tribo, que interfere nas existências e define os papeis de caçadores ou coletores, respectivamente para homens e mulheres. Como regra não é permitido a troca de papeis, cada um cuida com maestria de sua área de competência, não sendo admitido ingerências externas. Porém, se um homem toca um cesto ou se uma mulher toca o arco, o homem se sente amaldiçoado perdendo o status de caçador colocando em risco de vida a si e sua família, uma vez que a caça é a principal fonte de nutrientes tendo na coleta um complemento.

Dentre os vários pontos interpretados pelo autor, um chama a atenção que é a relação do caçador com a caça. O melhor caçador não é o que mais acumula, mas o de mais habilidade, já que sobrevive da caça do outro, ou seja, cada um caça para a tribo e não pode comer de sua própria captura. Se assim o fizer, será amaldiçoado pela “pané”, o que é uma vergonha, uma desonra como se fosse uma mudança de sexo perante a comunidade, vindo a se tornar um pária, portanto, exposto à extinção.

Ocorre também que em relação aos sentimentos que um caçador experimenta na sua atividade solitária e quase egoísta, não deve interferir no desejo de fracasso do outro, já que corre o risco de passar fome.

Desta forma, com regras simples em que a troca também lá funciona como uma "cola" social, garantem a sobrevivência.

De início, que lições podemos apreender dos Guaiakis?

- Que a origem desta tribo se perde na noite do tempo, portanto é um modelo estável e bem sucedido;

- Que nossa cultura e nosso saber é absolutamente desnecessário para eles. Na verdade não duraríamos muito por lá, logo o que nos parece certo e errado é bem relativo.

- Que aprenderam a depender do outro e inteligentemente tornaram isso uma regra.

- Que para aquela tribo é bom que o outro seja competente, já por aqui nem sempre, pois tem a inveja...

- Que vivem numa espécie de pré-historia na atualidade. Como é sabido que as neuroses surgiram com a Modernidade e suas industrias, é possível que sejam bem sadios emocionalmente.

- Que a clareza dos papeis empresta uma estabilidade naquela sociedade. Por aqui temos a presença da ambigüidade minando as relações.

E por aí vai...


Clastres, Pierre. A sociedade contra o Estado. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1988.

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José Lamartine Neto

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Começo perguntando o que é a Democracia

Caros colegas e amigos,


Começo perguntando o que é a Democracia?

É isso que é visto aqui dentro?

Quem não sabe, pode ver que até no Wikipédia: "A Democracia opõe-se à ditadura e ao totalitarismo, onde o poder reside numa elite auto-eleita."

Garantir iguais oportunidades sempre foi a luta da antiga oposição (hoje governo). Mas aquilo que Saramago se refere no seu “Ensaio sobre a Cegueira” , como um mal generalizado, dá a impressão que todos estão nesta condição e que ninguém vê nada, em que tudo é possível no afã do desespero. Ledo engano.

Fico me perguntando: como pretendo continuar criando meus filhos? Na base da mentira, do ataque, do engodo, ou não assumindo minhas responsabilidades alegando que não sabia? Quanto tempo mais para começar a mentir descaradamente para meus filhos? Como posso pensar em tratar diferentemente as pessoas, ter uma postura ambígua?

Não sou moralista. Meus amigos me conhecem e sabem disso. Apenas procuro ser um pouco coerente neste mundo doido.

Hoje mais do que nunca se trabalha com equipes e os políticos sabem disso há muito tempo. E sabem que nós vivemos correndo atrás de um salvador da pátria. Parece ser símbolos de uma relação edipiana: matar o pai para ter o amor da mãe, só que para isso procuramos ser igual a ele. Essa figura que migra e se transmuta, de personagem em personagem, permanecendo apenas a representação de seu papel. O pai representa os limites, a moral, a decência, a ordem e a mãe é a realização de desejo, do amor, do possível (e do impossível também), restando cair nos seus braços pensando nas suas tetas (estado, o poder, etc), só que isso é moralmente proibido, então a maioria se contem, pois possuem escrúpulos, culpa, remorso. Alguns que são desprovidos destes valores, estes “filhos” pervertidos, acabam gerando histórias pérfidas e obscuras recheando as páginas políticas e policiais.

Esta escola está se transformando em "lugar comum". Eu acredito que fazer educação é fazer a diferença, para melhor. Estar dentro de uma sociedade adoecida nos adoece também, como reflexo. Porém a cura só vem quando admitimos que estamos adoecidos, aí podemos escolher a sanidade.

Para que não sejamos burros, tens-se que abrir mão da unanimidade (pedindo licença a Nelson Rodrigues). Coloco a informação a seguir só para equilibrar, afinal quem lembra que durante anos e anos lutamos por condições iguais para disputa de cargo diretivo desta Escola? Agora que conseguimos não podemos negar ao outro as condições conquistadas, relegando-o aquilo que nos causou sofrimento, tanto a nível micro como macro (município, estado, etc).

A não ser que sejamos iguais ou piores do que eles já que não sabiam como que era este lado...

Quando coloquei o “negar ao outro”, me referi a prática comum da negação subliminar. Aparece nos comportamentos e nas falas, como a sensação, quase uma vergonha, quando alguém não concorda politicamente com a maioria, ou o deboche e ironia das mensagens, ou o desqualificar da fala do outro. Todas e muitas mais, são técnicas de violência camuflada (ou não).

Logo, o contraditório, o dialético, exerce este papel imprescindível de dar um limite, daí a importância fundamental de toda e qualquer oposição. Caso contrário é o estado total e por isso doente e absoluto.

Visitem o link abaixo. É muito fácil ver apenas um lado das coisas. Difícil é sair do imobilismo já que é confortável.

http://blog.joao15.can.br/

O candidato à prefeitura do PT de Salvador, Walter Pinheiro, vem cometendo um deslize atrás do outro nos debates televisivos. Na Band, quinta-feira passada, ao tentar criticar a administração do prefeito ...

Tenham todos uma ótima semana

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José Lamartine Neto

CEFET-BA/DTEE/Automação

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"Todos nós nascemos originais e morremos cópias." (Carl Gustav Jung)

O anúncio de Olavo Bilac

O anúncio de Olavo Bilac Autoria desconhecida Certa vez, um grande amigo do poeta Olavo Bilac queria muito vender uma propriedade rural, um ...